4/2 – CARNAVAL – Acadêmicos do Baixo Augusta faz desfile contra proibicionismo e conservadorismo em SP

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Bloco paulistano tem como tema “É Proibido Proibir”, lembrando 50 anos de 1968; cantora Maria Rita é um dos destaques em participação especial de evento que traz ainda performance teatral do grupo Satyros; desfile marca inauguração de painel de 720m2 no Centro da cidade; Alessandra Negrini, rainha do bloco, fará ato em defesa da liberdade

São Paulo, janeiro de 2018 – O Acadêmicos do Baixo Augusta, um dos mais tradicionais blocos de carnaval de rua de São Paulo e que em 2017 reuniu 500 mil pessoas, vai desfilar no domingo, 04 de fevereiro, em uma grande celebração da liberdade com participação especial da cantora Maria Rita.

Com o tema É Proibido Proibir, lembrando 50 anos de momentos históricos como a o Ato Institucional 5 (o AI5) e das lutas de maio de 68, além da histórica Batalha da Maria Antônia, desta vez o bloco se posiciona contra o proibicionismo e o conservadorismo. A concentração será a partir das 14h, na rua da Consolação, em frente à estação de metrô Paulista da linha amarela. O desfile tem início às 16h e dispersão às 21h, ainda na rua da Consolação, entre a rua Nestor Pestana e a avenida São Luis.

Leia aqui o manifesto do Carnaval 2018 do Acadêmicos do Baixo Augusta

“A Associação Acadêmicos do Baixo Augusta acredita que o carnaval de rua, especialmente em São Paulo, seja parte da expressão de liberdade, um movimento de ocupação dos espaços públicos da cidade, pelas pessoas. Mas o que vemos acontecendo em nossa cidade e no Brasil, nos últimos anos, é uma tentativa de se restringir as artes, a ocupação das ruas e das praças, a nossa liberdade”, explica Alê Youssef, diretor da Associação Acadêmicos do Baixo Augusta e presidente do Bloco. “Nossa proposta é levantar a bandeira da liberdade e da alegria. Vamos responder ao proibicionismo com mais carnaval!”, completa.

Tendo como puxador o cantor e compositor Wilson Simoninha, um dos fundadores do bloco, ao lado de Patricia Secchis, a banda do Acadêmicos do Baixo Augusta vai contar com diversos convidados especiais, como a cantora Emanuelle Araújo e a cantora e compositora Tulipa Ruiz, além da sambista, cantora e compositora Lecy Brandão, que personifica em sua trajetória a mistura de cultura e militância, tão presentes no tema desse ano.

Antes do desfile, o DJ Tatá Aeroplano abre a concentração do bloco, a partir das 14h, seguido de uma edição especial da festa Venga Venga.

Às 16h30, ainda no início do desfile, a atriz Alessandra Negrini, rainha do Acadêmicos do Baixo Augusta, revelará sua fantasia numa performance em defesa da liberdade, ao som de “Liberdade, Liberdade! Abre as asas sobre nós”, samba enredo da Imperatriz Leopoldinense, campeão no carnaval carioca de 1989 e que fala sobre a abolição da escravidão. Completam o quadro de estrelas do bloco a musa Leandra Leal, o porta estandarte Marcelo Rubens Paiva e a madrinha Tulipa Ruiz.

O desfile do Acadêmicos do Baixo Augusta em 2018 tem patrocínio de Doritos e Amstel, e tem como aplicativo de mobilidade oficial o Uber.

Performance do grupo Os Satyros
Fundado em 2009, o Acadêmicos do Baixo Augusta neste ano desfila em quatro carros que trarão, além de banda e convidados, uma performance teatral do grupo Os Satyros. A apresentação será realizada durante todo o evento, trazendo os principais aspectos do trabalho do grupo e do debate de gênero e liberdade de expressão levantados pela filósofa Judith Butler, musa filosófica inspiradora do desfile. Os participantes serão artistas dos Satyros, Parlapatões e representantes de importantes grupos teatrais de São Paulo, além de ativistas transexuais especialmente convidados para o desfile.

“Um dos motivos que inspiram nosso tema deste ano é justamente a proibição do festival Satyrianas de ocupar a Praça Roosevelt, em 2017, cancelando diversas atividades culturais gratuitas para a população e que já faziam parte do Calendário Oficial do Estado de São Paulo”, explica Youssef.

Três momentos devem marcar a participação do Satyros no desfile do Baixo Augusta. Na abertura, às 16h, será lido o “Manifesto por todas as Liberdades (religiosa, política, de gënero e sexualidade, religiosa, artística e cultural)”. Desde o início do desfile, até a altura da rua Maria Antônia, será realizada a performance “Queima dos Sete Bruxos do Ódio (Gordofobia, Racismo, Homofobia, Transfobia, Machismo, Xenofobia e  Intolerância Religiosa)”. Já quando o carro do trio alcançar a rua Maria Antônia, será realizada a performance “Acorrentamento das Vontades – Praça Roosevelt – Libertação e Beijaço do Amor Livre”.

Maria Rita e um mural para a cidade
Um outro destaque deste desfile é a participação da cantora Maria Rita que, às 20h, em meio ao trajeto, cantará “Como Nossos Pais”, canção do artista cearense Belchior. Imortalizada na voz de Elis Regina, a composição é considerada um dos maiores clássicos da música brasileira, cuja letra retrata a desilusão de uma juventude em busca de esperança e na luta por mudanças contra uma sociedade repressora.

A apresentação de Maria Rita marca a inauguração de um novo painel artístico na cidade. Com 16m de largura por 45m de altura, totalizando 720 m², o mural é uma obra de Carlos Delfino, Ciro Cozzolino e Zé Carratu, três artistas plásticos que compuseram a última formação do Tupinãodá, primeiro coletivo de rua paulistano, formado no início da década de 80 e agora rebatizado como Os Tupys.

Alinhado ao tema “É Proibido Proibir” e aos ideais pregados pelos estudantes franceses em maio de 1968 e pelo movimento Tropicalista, o mural é um protesto contra todas as formas de autoritarismo e censura, além de uma homenagem à região do Baixo Augusta enquanto território livre de manifestações culturais e boemia.

A obra, localizada na parede lateral do edifício onde fica a Casa do Baixo Augusta, na esquina da Rua Rego Freitas com a Rua da Consolação, em frente à Paróquia Nossa Senhora da Consolação, começou a ser executa no dia 10 de janeiro e levará cerca de 15 dias para ficar totalmente pronta, com uma média de 12 horas de trabalho diário. Estão sendo usados 200 litros de tinta fornecida pelo projeto Tudo de cor, das Tintas Coral, 300 metros de corda, 1 balancin de fachada, 5 equipamentos completos de pintura em rapel e mais de 100 itens entre rolos, pincéis e bandejas. Para chegar ao desenho final apresentado ao Acadêmicos do Baixo Augusta, os artistas criaram mais de 20 layouts internos.

Sobre o Acadêmicos do Baixo Augusta
O Bloco Acadêmicos do Baixo Augusta foi fundando em 2009 para celebrar a diversidade e revitalização da região por uma turma de amigos que reunia empresários e moradores da região e entusiastas do Baixo Augusta enquanto território livre de manifestações culturais e boêmia. A história do bloco se confunde com o processo de retomada do carnaval de rua cidade. Com uma postura ativista diante da necessidade de batalhar pelo direito ao lazer e à ocupação das ruas, o Acadêmicos do Baixo Augusta se tornou o maior bloco de carnaval de São Paulo tendo reunido em 2017 cerca de 500 mil pessoas. Para assegurar seu caráter público, gratuito e democrático, a brincadeira de amigos foi oficializada com a criação da Associação Cultural Bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, ONG sem fins lucrativos que tem como missão promover a cultura, desenvolver e apoiar iniciativas de ocupação gratuita das ruas e de transformação da cidade em um espaço mais humano e democrático e mobilizar a sociedade em torno dessas causas.

Bloco Acadêmicos do Baixo Augusta – Desfile 2018
Local: Rua da Consolação
Endereço: Rua da Consolação, em frente ao metrô Paulista – Consolação – São Paulo / SP
Data: Domingo, 04 de fevereiro de 2018
Horário:  14h – Concentração
16h – Desfile
21h – Dispersão
Entrada Franca

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