Até o dia 19 de agosto, o público pode visitar a mostra que reúne e revela quadros e fotografias de um nordestino que se descobriu artista na cidade grande, um verdadeiro representante da arte bruta brasileira
Imagem de Adriano Rosa/Exposição A.R.L – Vida e Obra
A oportunidade de conhecer a genialidade artística do potiguar Antônio Roseno de Lima está chegando ao fim. A mostra “A.R.L. Vida e Obra”, uma imersão fascinante na vida e na produção desse extraordinário artista outsider, segue aberta ao público até o dia 19 de agosto, com visitação todos os dias (exceto às terças), das 9h às 20h, no prédio anexo do Centro Cultural Banco do Brasil. Os ingressos são gratuitos, mas é necessário retirar na bilheteria do CCBB SP ou em bb.com.br/cultura.
Durante toda temporada, a exposição tem recebido com entusiasmo pessoas que ainda não conheciam Roseno e ficaram encantadas com a história de vida do artista. Não é difícil ouvir entre os corredores da exposição comentários como: “Que bom que ele conseguiu ter visibilidade e reconhecimento ainda em vida”, ao se depararem com as obras e as repercussões em jornais de circulação nacional presente nas paredes da galeria.
“A resposta do público tem sido extremamente positiva e emocionante. Muitas pessoas têm expressado um profundo encantamento ao se deparar com a riqueza e a franqueza da obra de A.R.L. É tocante ver como as pessoas estão se conectando com a história de vida do Roseno, que está muito presente em toda obra”, comenta Amanda Grispino, uma das produtoras da mostra.
Antônio Roseno de Lima era semianalfabeto, fotógrafo e pintor e tirou da dura realidade de favelado a inspiração para criar uma obra que é reflexo da mais pura e encantadora arte bruta, onde autorretratos, onças, vacas, galos, bêbados, mulheres, personalidades e presidentes foram seus temas principais.
Apesar das condições precárias em que vivia na favela Três Marias, em Campinas – SP (onde morou de 1962 até sua morte, em junho de 1998), Roseno expressava seus sonhos e observações do cotidiano através de suas pinturas, muitas vezes utilizando materiais improvisados encontrados no lixo: pedaços de latas, papelão, madeira e restos de esmalte sintético.
Parte desse encantamento citado também tem a ver com o cuidado que Roseno tratava suas obras. Na parte detrás de cada quadro fazia uma lista de recomendações para que o quadro durasse o maior tempo possível, falava do processo de execução e com a ajuda de amigos trazia recados, tais como: “Quem pegar esse desenho guarda com carinho. Pode lavar. Só não pode arranhar. Fica para filhos e netos. Tendo zelo, dura meio século.”
A curadoria da exposição é de Geraldo Porto, que destaca tanto as obras mais emblemáticas quanto as menos conhecidas, permitindo uma visão abrangente do seu percurso artístico. Além disso, foram preparadas instalações interativas e conteúdos multimídia que ajudam a contextualizar o trabalho do artista, enriquecendo ainda mais a experiência dos visitantes.
Professor doutor do Instituto de Artes da UNICAMP, Geraldo Porto, ficou impressionado pela singularidade da obra de Roseno, ele comenta que a primeira vez que viu seus quadros foi em uma exposição coletiva de artistas primitivistas no Centro de Convivência Cultural de Campinas, em 1988. “Naquele instante, tive a certeza de estar diante de um artista raro”. Depois de conhecido, passou a ser “chamado pelos jornalistas de ‘pintor pop da favela’, porque seus quadros misturavam imagens, fotografias, propagandas e palavras como nos cartazes comerciais”, explica Porto, acrescentando que Antônio Roseno desconhecia não somente este, mas qualquer outro movimento artístico. E por isso, a simplicidade vira destaque em uma mostra cheia de detalhes e detalhamentos.
“A.R.L. Vida e Obra” de Antônio Roseno de Lima
Curador | Geraldo Porto
Centro Cultural Banco do Brasil
Prédio Anexo: Rua da Quitanda, 80 – Centro Histórico – SP, próximo à estação São Bento do Metrô
Período: até 19 de agosto de 2024
Funcionamento: aberto todos os dias, das 9h às 20h, exceto às terças.
Ingressos gratuitos: disponíveis no site bb.com.br/cultura e na bilheteria física do CCBB São Paulo
Classificação Indicativa: Livre
Informações: (11) 4297-0600
Estacionamento: O CCBB possui estacionamento conveniado na Rua da Consolação, 228 (R$ 14 pelo período de 6 horas – necessário validar o ticket na bilheteria do CCBB). O traslado é gratuito para o trajeto de ida e volta ao estacionamento e funciona das 12h às 21h.
Transporte público: O CCBB fica a 5 minutos da estação São Bento do Metrô. Pesquise linhas de ônibus com embarque e desembarque nas Ruas Líbero Badaró e Boa Vista. Táxi ou Aplicativo: Desembarque na Praça do Patriarca e siga a pé pela Rua da Quitanda até o CCBB (200 m).
Van: Ida e volta gratuita, saindo da Rua da Consolação, 228. No trajeto de volta, há também uma parada no metrô República. Das 12h às 21h. Entrada acessível: Pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e outras pessoas que necessitem da rampa de acesso podem utilizar a porta lateral localizada à esquerda da entrada principal.